Automáticos econômicos: é possível ter os dois?

"Olá, tenho um Peugeot 408. Ele faz 5,8 km/l na cidade.

Já levei na concessionária, mas não melhorou. Sou mulher, não entendo de carro, mas estou desesperada com o consumo do meu sedã. Quero trocá-lo, mas gostaria de saber qual é o carro automatico mais econômico para a cidade.

Pego trânsito intenso e viajo muito pouco com o carro. Tenho filhos e preciso de um carro razoavelmente espaçoso (tenho duas cadeirinhas), mas, principalmente, econômico. Rodo, por dia, uma média de 50 km. Escola, trabalho e horários de rush, muitos congestionamentos e não gostaria de voltar para carro mecânico.

O que fazer? Aguardo uma resposta sincera, ok? Abasteço com gasolina comum. Quando tentei o álcool, a frustração foi maior ainda. Aguardo sua dica.

Obrigada,

Cristiane S."

Boa tarde, Cristiane. Sua consulta veio bem a calhar. Aliás, é uma das mais comuns que venho recebendo. Muita gente, em busca do conforto no trânsito cada vez pior de nossas cidades, anda apelando para os automáticos, mas toma um belo de um susto com o quanto o carro bebe. Pois é: automáticos gastam bem mais que modelos manuais (mecânicos todos são). Se você pretende partir para esse universo de conforto, saiba, de antemão, que ele cobra seu preço.

Considerando que o consumo te preocupa, perder dinheiro também deve incomodar. Com isso em mente, e sabendo que o 408 foi lançado em 2011, ou seja, há cerca de dois anos, já te digo: vender é o pior negócio, especialmente se você comprou o carro 0 km, como parece ser o caso. Como a desvalorização é muito alta, logo que se tira o carro da revenda (cerca de 20%), o ideal é só começar a pensar a vender depois de uns três anos de uso. Pelo menos. Por isso, não venda seu 408. Não agora. O que você pode perder no negócio paga a gasolina e ainda sobra algum.

Qual é, então, a solução para seu caso? Um jeito diferente de dirigir. Para os automáticos gastarem pouco, não se pode guiá-los como se guia um modelo manual. É preciso ser muito mais suave ao acelerador, mas não só. Seguem abaixo umas dicas que escrevi em uma reportagem antiga, de 2009, mas que ainda são bem atuais:

• Reduzir a velocidade suavemente e manter uma pressão sempre uniforme no acelerador.
• Acelerar e reduzir a velocidade do carro sempre de forma gradual.
• Manter uma distância segura do carro da frente e antecipar as condições do trânsito à frente.
• Diminuir a velocidade do carro devagar até chegar a semáforos fechados e a sinais de pare; acelerar para chegar antes gasta combustível e freios à toa.
• Minimizar o uso de aquecedores ou de ar-condicionado para reduzir a carga que o motor tem de suportar.
• Fechar janelas em alta velocidade para reduzir o arrasto aerodinâmico.
• Acelerar e aproveitar o impulso para dar um descanso ao acelerador, voltando a pisar, de leve, no acelerador só quando a velocidade cair.
• Aumentar a velocidade antes de pegar uma subida e aproveitar a descida para ganhar velocidade sem acelerar.
• Evitar lombadas, valetas e buracos, que diminuem a velocidade do carro.

Além desse guia, o PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular) desenvolveu uma cartilha muito útil. Vale dar uma conferida.

No caso de seu 408, a coisa é pior porque ele tem apenas quatro marchas. Quanto menos marchas tem um câmbio, pior de consumo ele tende a ser. Isso porque há situações em que ele parece pedir marcha, porque a rotação cresce muito, e, na marcha seguinte, é como se ele estivesse sem vontade de andar. Já notou isso? Sempre recomendo que se evite os automáticos de quatro marchas. São os mais gastões, além de muitos terem um histórico de problemas mecânicos. Em sua próxima compra, tenha isso em mente.

Por fim, enquanto você mantiver o 408 na garagem, recomendo que você economize... usando etanol. Como, você vai perguntar? Simples: os Peugeot e Citroën são todos otimizados para rodar com álcool. O combustível acaba mais rápido? Sem dúvida, mas você gasta menos.

Dos automáticos disponíveis na mesma faixa de preço do 408, com um tamanho parecido, o que eu te recomendaria seria o Nissan Sentra.



Além de ter ganchos Isofix para a cadeirinha de seus filhos, este sedã é flex e econômico por uma questão: ele usa câmbio CVT, um dos automáticos mais econômicos no mercado. O Sentra também está num preço muito bom, mas isso se deve a uma questão: ele muda, se não neste ano, no ano que vem no Brasil. Por conta de sua nova geração, que pode ser vista abaixo:



O modelo novo deve manter as qualidades, mas com aperfeiçoamentos. Ele é mais leve, maior e mais econômico que o atual. Recomendo, portanto, que você continue com o 408, mas que dirija seguindo as dicas que te encaminhei. Quando o novo Sentra chegar ao mercado, se você já tiver completado pelo menos três anos com o 408, venda-o e compre este japonês-mexicano.

Se o carro não te agradar, procure por modelos com câmbio CVT ou automatizados de dupla embreagem. O mais acessível, atualmente, é o Ford EcoSport, mas ele não te atende no quesito espaço.

Espero que isso a ajude a fazer uma boa compra.

Atenciosamente,

Gustavo