Qual seria o melhor carro para portadores de deficiência física?

"Bom dia,

Sou portador de deficiência física e tinha um Peugeot 206 automático. Gostava do carro. Minha nota para ele seria 8. Infelizmente, sofri um acidente e ele teve perda total.

Vou adquirir outro carro automático e desejo saber qual você me aconselha a comprar e por qual motivo me aconselha.

Obrigado,

Ângelo Andrade Pereira"


Como vai, Ângelo? Lamento por seu acidente, mas ainda bem que você não se feriu.

Eu não poderia aconselhá-lo a comprar um carro pura e simplesmente porque isso seria muito parcial. E eu só me permitiria ser parcial se um veículo realmente fosse tão superior aos outros em tudo que soasse estupidez indicar qualquer outro. O que eu posso fazer é discutir com você as opções e qual delas é a melhor para você, o que vai depender do que você pode pagar.



A Peugeot não fabrica mais o 206 com câmbio automático, o que é lamentável. Ela preferiu oferecer essa opção apenas no 206 melhorado, que eu sempre resisto em chamar de 207, apesar de ser este seu nome, por haver um 207 na Europa que é completamente diferente e melhor que o nosso. Em consideração às PPD (pessoas portadoras de deficiência física), ela deveria ter mantido o 206 com a opção do câmbio, a um valor mais baixo que os R$ 46,2 mil cobrados pelo "207" XS.



Além do Peugeot, há também, para ficar na PSA, o Citroën C3 Automatique, tanto na versão GLX (R$ 44,88 mil) quanto na Exclusive (R$ 47,24 mil). Está mais barato que o "207", tem porta-malas melhor, é mais espaçoso e vem mais bem equipado. Por outro lado, enfrenta tantos problemas de acabamento e montagem que pode se tornar uma dor de cabeça.



Além deles, o carro mais barato do Brasil com câmbio automático é o Kia Picanto, que sai por R$ 39,9 mil. Ele é bem compacto e econômico, mas é importado (o que impede a obtenção de descontos de impostos) e tem pouco espaço para passageiros e bagagens. Em todo caso, tem fama de dar pouquíssima manutenção. Se couber no seu bolso, sem os descontos de IPI e ICMS, é uma opção a considerar.



Voltando aos nacionais, há um limite de R$ 60 mil para isenção de ICMS. Não sabemos se ele foi imposto para que nascessem alternativas mais em conta com câmbio automático ou por miopia pura do governo, uma vez que há poucas opções até essa faixa de preço. Seja como for, foi pensando nisso que a Toyota criou o Corolla XLi 1.6i automático, que custa R$ 55.265. O Corolla é conhecido pela economia, robustez e pelo bom espaço interno.



O único outro carro nacional que cabe na isenção é o novo Honda Fit LX automático, que sai por R$ 56,32 mil. Também não dá para entender muito onde a Honda quer chegar ao aumentar tanto o preço do Fit, mas é possível que isso tenha a ver com a política da marca para a chegada do Aria/City, o sedã construído sobre a base do Fit. Ele deve ser barato do que isso, mas só chega no final do ano que vem.

De todo modo, o Fit se destaca pela alta confiabilidade mecânica e por um excelente espaço interno. O modelo anterior também era conhecido pela economia de combustível. Com as isenções, se ele couber em seu bolso, é o produto mais moderno à disposição, com o melhor câmbio automático (de cinco marchas), e o seguro costuma ser barato.

Vale aqui fazer uma ressalva à falta de visão da Renault, que poderia equipar o Sandero e o Logan com câmbio automático, oferecendo-os ao consumidor PDD por um preço excelente. Esses modelos já existem e são vendidos ao México sob a bandeira Nissan. Pena a marca não ter pensado nisso por aqui ainda.



Além dos modelos com câmbio automático, há também os com câmbio manual automatizado, um sistema mais econômico e fácil de manter que o automático (por usar embreagem), mas com as mesmas vantagens de conforto. É o caso da Chevrolet Meriva Easytronic, que começa nos R$ 45.879. Espaçosa, a Meriva peca pelo motor, de concepção antiga e, portanto, beberrão, e pelo fato de estar para sair de linha na Europa, o que fará da versão brasileira uma candidata ao mesmo destino em um prazo curto.



Outro com câmbio manual automatizado em uma faixa de preço que cabe nas isenções é o Fiat Stilo Dualogic. Contra ele pesam as mesmas coisas que contra a Meriva: motor antiquado (o mesmo da minivan Chevrolet, inclusive) e a iminência de sair de linha, já que o hatch Bravo, seu substituto na Europa, está sendo testado no Brasil. A Fiat tem um produto mais moderno, o Linea, mas, com câmbio Dualogic, ele começa nos R$ 60.372, fora, portanto, da faixa de isenção.

Para este ano há mais modelos que devem adotar o câmbio manual automatizado, como os VW Fox e Polo, mas, considerando que você tem pressa na compra de seu novo carro, analise as opções que eu lhe passei e que já estão no mercado de acordo com suas possibilidades e com o que você prefere. Afinal de contas, o melhor carro é aquele que dá gosto de ver na garagem e isso, Ângelo, é muito pessoal.

Uma excelente escolha para você!

Um abraço,

Gustavo