Fiat construirá 50 carros elétricos em Itaipu até o final de 2010

Quem acha que o Brasil está atrasado em matéria de carros elétricos talvez não saiba que o Pompéo vai estrear como veículo elétrico, que o REVAi já está à venda no país e que a Fiat fabrica modelos elétricos por aqui. Depois de andarmos no REVAi e de torcermos pelo sucesso do Pompéo, foi a vez de avaliarmos a Fiat Palio Weekend Elétrica.



A avaliação aconteceu dentro da usina hidrelétrica de Itaipu, onde o carro está sendo produzido. Aliás, já foram fabricadas 21 unidades da Palio Weekend elétrica na usina. O plano é chegar a 50 até julho de 2010. Isso faz parte da primeira fase do programa de carros elétricos da Fiat.

A segunda fase é a análise do ciclo de vida do carro. As baterias ZEBRA, fabricadas pela suíça MES-DEA, suportam 1.000 ciclos de carga e recarga. Como uma carga completa permite ao carro uma autonomia de 120 km, a vida útil da bateria poderia ser calculada em 120 mil km.

Uma bateria pesa 165 kg e leva 8 horas para ser completamente recarregada. Ao contrário das baterias de íons de lítio, ela não aceita nenhum modo de carregamento rápido, nem com um equipamento mais potente. O ritmo da bateria é esse e ponto final.

Por outro lado, as baterias ZEBRA, feitas de sais de níquel, não sofrem de efeito memória, ou seja, não perdem capacidade de carga. Podem ser colocadas de volta na tomada em qualquer situação de carga. Elas também são plenamente recicláveis, algo que não se aplica às baterias de íons de lítio. Níquel também é um material muito abundante na natureza, enquanto lítio tem reservas limitadas, boa parte delas na Bolívia.

Para funcionar, as baterias ZEBRA precisam ser aquecidas até a temperatura de 270ºC. Esse pré-aquecimento dura 24 horas, em média, mas é mantido durante toda a vida da bateria, se ela for devidamente carregada. Se for deixada muito tempo sem uso, a bateria tende a resfriar porque ela usa sua própria energia para ficar quente. Quando a carga acaba, a bateria se resfria e exige, para voltar a funcionar, uma nova carga completa. Em suma, pelo menos 24 horas de espera. Apesar de altíssima, a temperatura não atinge a carcaça da bateria.

Na Palio Weekend, o compartimento do motor traz uma unidade elétrica bem mais compacta do que um motor comum. O motor elétrico, também fabricado pela MES-DEA, pesa apenas 47 kg. A transmissão, na verdade um redutor, tem 15 kg. Com isso, a dianteira do veículo fica mais leve do que o normal.

A bateria, por outro lado, pesa 165 kg, como já dissemos, e vai instalada no porta-malas da perua. Isso altera dramaticamente o equilíbrio dinâmico, algo que a Fiat tentou compensar com uma nova calibração de suspensão. Ainda assim, fica claro que, se a marca for criar veículos elétricos para o grande público, as baterias terão de ser instaladas em outro local, para favorecer o comportamento do carro. Possivelmente em um veículo pensado para ser elétrico, não uma adaptação, como é o caso da Palio Weekend elétrica. Com isso, também se pouparia o espaço de carga, quase inteiramente perdido por conta do volume da bateria.

Em termos de desempenho, o carro acelera de 0 a 60 km/h em 9 s. A calibração foi feita para que o acelerador tenha de ser pressionado até o fim para o carro se mover. Segundo os técnicos da Fiat, o torque do motor elétrico poderia assustar motoristas desavisados, daí essa regulagem mais conservadora (e segura). O resultado, em todo caso, é um carro que dá a impressão de não acelerar muito bem.

A velocidade máxima, nestes veículos, é de 100 km/h, mas poderia chegar a 140 km/h, com prejuízo para a autonomia e carga da bateria. Em subidas, o carro sofre para manter a velocidade e, em terreno plano, ele chega aos 80 km/h sem dificuldades, mas leva um bom tempo para ir até os 100 km/h.

No painel, há apenas um mostrador, de velocidade, ao passo que, no console central, acima do rádio, fica um pequeno painel que mostra a temperatura da bateria, a voltagem, a carga e a tensão que o carro está utilizando.

O seletor de velocidades tem operação simples. Empurrar a alavanca para a frente o coloca em D, de drive, para ir com o carro para a frente. Para trás, aciona-se a ré. Ponto-morto, ou neutro, é algo que se aciona empurrando a alavanca para a direita.

O melhor aspecto do carro é seu consumo. O quilômetro rodado, com ele, tem um custo de R$ 0,05, considerando que uma carga completa custa em média R$ 6,14. O custo por quilômetro rodado de um carro a gasolina divulgado pela Fiat é de R$ 0,25, enquanto o álcool custa R$ 0,18 por quilômetro.

Se o custo para rodar é baixo, os valores das baterias e do motor elétrico ainda são proibitivos. Só eles, sem contar o carro, saem por algo em torno de 20 mil a 25 mil euros, um valor, ao câmbio de hoje, entre R$ 54 mil e R$ 67 mil. É por isso que, por ora, eles são apenas experimentais.
















Fonte: Fiat