
Ninguém tem ideia de como o precioso carro foi parar a 52 m de profundidade, mas parece que o carro foi um de três veículos encomendados por um concessionário suíço da Bugatti. Como apenas dois dos três clientes pagaram os impostos alfandegários, o que sobrou não deve ter conseguido entrar no país. Por que algum gênio achou que ele ficaria melhor debaixo d'água do que em alguma garagem é algo que escapa à nossa compreensão, mas, como se costuma dizer, Deus tem caminhos misteriosos. O fato é que o carro devia estar no lago havia mais de 80 anos, pelo menos. A primeira notícia que se tem dele é a de sua entrega, em Nancy, na França, em 11 de abril de 1925.
O Tipo 22 se originou do Tipo 12, o primeiro carro produzido em série pela Bugatti (2.005 unidades). O nome Brescia vem de uma vitória esmagadora que a Bugatti teve naquela cidade em 1921. Todos os primeiro quatro colocados eram Tipo 13. A versão que podia rodar nas ruas foi chamada de "Brescia modifiée", ou Brescia modificado.
O Tipo 13 era um carro leve (450 kg) impulsionado por um motor de quatro cilindro de 1,4 litro de capacidade (1.368 cm³, para ser mais exato). Ele gerava 40 cv a 4.500 rpm. Como a maior parte dos carros daquele tempo, o veículo era vendido apenas em parte pela Bugatti (trem rolante, com chassi, motor, transmissão e suspensão). O carro era então levado ao encarroçador, onde passava a ter bancos, portas etc. O nome do encarroçador que cuidou do Brescia submarino era Emaille, pouco conhecido, já que nunca se ouviu de outros trabalhos que ele tenha feito.
Agora o carro será restaurado (acredite, ele pode ser consertado) e vendido em leilão. O dinheiro arrecadado será dado à Fondazione Damiano Tamagni. É por isso que a operação de salvamento do carro, anunciada em novembro de 2008, foi chamada de "Una Bugatti per Damiano", nome que dispensa tradução para o português. É uma pena que o Bugatti (nem nada) possa trazer Damiano de volta à vida, mas pelo menos ele pode ajudar outros jovens a não partirem tão cedo.

As fotos abaixo nos dão uma boa ideia de como o carro deve ficar quando for completamente restaurado. Este é um Tipo 22 de 1923, dirigido pelo coronel britânico B. Austin, um homem que perdeu suas duas pernas em guerras e, sem elas, entrou em 16 corridas com o carro. Venceu 11. Isso ajudou o Reino Unido a mudar suas leis e a permitir que pessoas portadoras de deficiência pudessem dirigir. As imagens originais estão no The Annex to The Green Dragon, no Picasa e nos foram gentilmente cedidas para que pudéssemos contar essa história. Como se vê, esse carro seria nobre mesmo que não tivesse sido construído por Bugatti. É sina dele realizar grandes coisas não de um ponto de vista mecânico, mas humano.








Fonte: Una Bugatti per Damiano e The Annex to The Green Dragon no Picasa