Una Bugatti per Damiano: Bugatti Brescia Type 22 é resgatada de lago para ajudar pessoas

Damiano Tamagni era um garoto suíço de 22 anos que foi pular carnaval em Locarno em 1º de fevereiro de 2008 e foi espancado até a morte. Seus pais, em vez de apenas chorarem sua perda, criaram uma fundação com seu nome para combater a violência juvenil, a Fondazione Damiano Tamagni. O que isso tem a ver com carros? Neste caso, tudo. Para funcionar, a fundação tem de contar com apoio financeiro e ela receberá um, significativo, de um respeitável senhor que passou anos no fundo do lago Maggiore, na Suíça. Surpreendentemente vivo. Seu nome? Bugatti Tipo 22 Brescia.



Ninguém tem ideia de como o precioso carro foi parar a 52 m de profundidade, mas parece que o carro foi um de três veículos encomendados por um concessionário suíço da Bugatti. Como apenas dois dos três clientes pagaram os impostos alfandegários, o que sobrou não deve ter conseguido entrar no país. Por que algum gênio achou que ele ficaria melhor debaixo d'água do que em alguma garagem é algo que escapa à nossa compreensão, mas, como se costuma dizer, Deus tem caminhos misteriosos. O fato é que o carro devia estar no lago havia mais de 80 anos, pelo menos. A primeira notícia que se tem dele é a de sua entrega, em Nancy, na França, em 11 de abril de 1925.

O Tipo 22 se originou do Tipo 12, o primeiro carro produzido em série pela Bugatti (2.005 unidades). O nome Brescia vem de uma vitória esmagadora que a Bugatti teve naquela cidade em 1921. Todos os primeiro quatro colocados eram Tipo 13. A versão que podia rodar nas ruas foi chamada de "Brescia modifiée", ou Brescia modificado.

O Tipo 13 era um carro leve (450 kg) impulsionado por um motor de quatro cilindro de 1,4 litro de capacidade (1.368 cm³, para ser mais exato). Ele gerava 40 cv a 4.500 rpm. Como a maior parte dos carros daquele tempo, o veículo era vendido apenas em parte pela Bugatti (trem rolante, com chassi, motor, transmissão e suspensão). O carro era então levado ao encarroçador, onde passava a ter bancos, portas etc. O nome do encarroçador que cuidou do Brescia submarino era Emaille, pouco conhecido, já que nunca se ouviu de outros trabalhos que ele tenha feito.

Agora o carro será restaurado (acredite, ele pode ser consertado) e vendido em leilão. O dinheiro arrecadado será dado à Fondazione Damiano Tamagni. É por isso que a operação de salvamento do carro, anunciada em novembro de 2008, foi chamada de "Una Bugatti per Damiano", nome que dispensa tradução para o português. É uma pena que o Bugatti (nem nada) possa trazer Damiano de volta à vida, mas pelo menos ele pode ajudar outros jovens a não partirem tão cedo.



As fotos abaixo nos dão uma boa ideia de como o carro deve ficar quando for completamente restaurado. Este é um Tipo 22 de 1923, dirigido pelo coronel britânico B. Austin, um homem que perdeu suas duas pernas em guerras e, sem elas, entrou em 16 corridas com o carro. Venceu 11. Isso ajudou o Reino Unido a mudar suas leis e a permitir que pessoas portadoras de deficiência pudessem dirigir. As imagens originais estão no The Annex to The Green Dragon, no Picasa e nos foram gentilmente cedidas para que pudéssemos contar essa história. Como se vê, esse carro seria nobre mesmo que não tivesse sido construído por Bugatti. É sina dele realizar grandes coisas não de um ponto de vista mecânico, mas humano.










Fonte: Una Bugatti per Damiano e The Annex to The Green Dragon no Picasa