"Estou entre uma Peugeot 207 SW e uma Nissan Livina. Qual é mais adequada para mim?"

"Gustavo, estou em busca de um carro para minha esposa. Ela quer um carro automático, com um bom porta-malas (visto que temos um bebê de 10 meses). Ele tem que comportar o carrinho e como minha esposa é pequena, acho que a idéia será adquirir um carro médio topo de linha.

Pelo porta-malas, o Honda Fit nem fez parte das opções. Chegamos a olhar o Stilo, mas desisti (o Bravo vem aí). Resumindo, de todos os carros que olhamos, acabamos focando no Livina e no Peugeot 207 SW.

Ao ler seus comentários no blog, pareceu-me que você é fã do Nissan Livina. Estou correto? Posso dizer que também gostei muito do carro. Minha esposa e eu fizemos um test-drive na concessionária e o Livina realmente demonstrou ser um carro muito bom. O espaço interno e a garantia de três anos são destaques.

No entanto, nestes dias em que tenho feito meus estudos comparitivos, dois pontos chamaram minha atenção:

a) como estou vendo os modelos topo de linha, por que o Livina não tem ar condicionado digital?
b) tenho observado diversos cometários na internet, reclamando do design antiquado do Livina (de fato, as linhas traseiras dele lembram um pouco o desenho da Fielder).

Por favor, gostaria de ter seus comentários a respeito. Por favor, comente também a respeito da 207 SW.

Saudações,

Daniel de Almeida Camargo"


Como você está, Daniel, tudo legal? Parabéns pelo nenê!

O que eu tenho escrito a respeito da Livina exalta nele uma receita de que eu gosto muito, mesmo: a oferta de mais por menos. A Livina, a exemplo de Renault Logan e Sandero, segue isso à risca. Ela é mais espaçosa do que todas as suas concorrentes e custa a mesma coisa. Também tem bons motores, anda direitinho e tem bom acabamento.

Ela poderia ser melhor exatamente no refinamento e na oferta de mais opções, mas isso é mal da Nissan. Fora o Tiida, que vem bem completinho, todos os outros modelos pecam pela falta de alguma coisa. A Livina S, por exemplo, é um carro que eu não recomendo porque ela não tem regulagem de altura do cinto, um absurdo em um carro de mais de R$ 40 mil. E o absurdo fica maior porque o carro tem direção hidráulica e ar-condicionado. É o que eu chamo de economia porca, sabe?

A falta de ar-condicionado digital não tem explicação plausível. Só não existe e pronto, talvez por uma questão de economia, mesmo (não necessariamente porca, neste caso). Como alguns modelos mais sofisticados que não oferecem regulagem de distância do volante, como o X-Trail.

Por isso, eu recomendaria a você o modelo SL com motor 1,6-litro, se vocês não quisessem um carro automático. Como querem, a única opção é o modelo 1,8-litro, que é de origem Nissan, mas tem taxa de compressão muito baixa para um motor flex, o que pode fazer ele gastar mais álcool do que deveria. Já o 1,6-litro, Renault, é confiável e bom de consumo.

Os dados de consumo oficiais são baseados na norma NBR 7024, ou seja, são medidos em dinamômetro, em condições especiais e fáceis de reproduzir, o que fornece uma base de comparação correta entre modelos de fabricantes diferentes. Segundo estes dados, a diferença de consumo entre os motores é pequena, mas, na vida real, ela pode tanto ser maior ou menor. Quando avaliei o carro, ele usava gasolina. Ainda preciso avaliá-lo com álcool para poder dizer algo mais conclusivo sobre consumo. Tudo indica, de todo modo, que ele tende a beber mais do que deveria com etanol.

Com relação à 207 SW, ela é mais bem equipada, mas tem porta-malas pequeno, não é 207 coisa nenhuma (é uma 206 mais arrumadinha; 207 tem é na Europa) e o acabamento dos modelos da Peugeot não é dos mais confiáveis. Acontece com frequência de as peças se soltarem. Outra coisa que me incomoda nos modelos da Peugeot é o sistema Multiplex, que usa computadores em vez de fiação para coordenar as partes elétricas do carro, como faróis, vidros e buzina. Ainda que seja moderno e poupe peso, o sistema tem uma lentidão estranha. Você bate na buzina e ouve ela tocar momentos depois. É estranho.

Entre os dois modelos, a Peugeot é a que tem a tendência de desvalorizar mais. A Nisssan, que ainda é uma novidade grande de mercado, tanto pode ser uma surpresa, desvalorizando mais do que a média dos modelos japoneses, quanto seguir a tendência de Toyota e Honda, perdendo pouquíssimo valor. Eu apostaria mais nessa última hipótese.

Espero ter ajudado você na escolha de um bom carro para sua esposa. Boa compra!

Um abraço,

Gustavo