Quando a esmola é demais, convém desconfiar...

"Boa tarde, Gustavo. Estou querendo comprar um Peugeot 407 desde novembro do ano passado, o modelo 2.0, Allure, com bancos em couro. Na época era o modelo 2008, no site o preço era de R$ 97,5 mil, porém eu podia comprá-lo por R$ 82 mil em uma concessionária (aonde eles ainda me davam o couro, pois o Allure vem sem), enquanto as outras me vendiam por R$ 85 mil (sem o couro). Acabei deixando pra lá, pois ia esperar o 08/09.

Eis que chegou janeiro e fui ver de novo. O preço no site já havia caído para R$ 87,5 mil e, na mesma concessionária de antes, me vendiam o modelo novo por R$ 80 mil com o couro, enquanto as outras nem sequer possuíam o modelo 09. Estava rolando todo aquele auê devido ao IPI. Decidi esperar de novo.

Agora vou realmente comprar e cheguei a ver no site o preço de R$ 76,5 mil, porém agora o preço já voltou aos R$ 87,5 mil. Isso tudo no site da Peugeot. Consigo o carro por R$ 75 mil com couro, aqui onde eu moro, para pagamento em "cash", e em uma cidade próxima (Londrina) por R$ 74 mil.

As concessionárias não fazem parte da mesma rede, então na minha opinião prefiro pagar os R$ 75 mil e comprar na minha cidade. Londrina fica a 600 km daqui. Liguei em concessionárias de todo o Brasil e o melhor preço que consegui foi R$ 74 mil com o couro. Aqui em minha cidade o preço ainda pode ser negociável!

Queria saber o que eu faço. Se os 75 mil cobrados estão bons, se eu ainda consigo um preço mais em conta, se eu espero o 408 (quando este será lançado, afinal?)... O que que eu faço? Atualmente eu preciso de um sedã médio-grande, pois usamos três carros aqui em casa e agora só temos dois!

O carro vem com dois anos de garantia, podendo obter mais um ano por R$ 2.150. Essa contratação pode ser feita até 30 dias antes do término da garantia de dois anos, e o seguro pela Indiana (parceira da Peugeot) está em R$ 4.000 anuais para franquia de R$ 2.000 no caso de sinistro e em R$ 3.500 reais anuais com franquia de R$ 4.000 para o sinistro. Qual é a melhor opção?

Parabéns, pelas dicas e notícias. Li bastante antes de mandar o e-mail, tanto que fiquei sabendo do tal do 408 por meio do site!

Tudo de bom para o senhor.

Rafael Mohamed Hamudy
Foz do Iguaçu, PR


Como vai, Rafael, tudo certo?

Como você já viu o 408, vale a pena avisar ao restante do pessoal onde está a matéria. Basta clicar no nome do carro para ver. Vale também ver uma imagem que saiu no Coches and Motos, com todo o jeito de foto oficial.



Como você já viu, esse carro chega ao mercado ainda este ano, provavelmente em setembro, no Salão de Frankfurt, ainda que fosse esperado para estrear em Genebra. Seja este ano ou no começo do próximo, o caso é que o carro vai mudar. Quando o carro é nacional e está para mudar, eu já não recomendo a compra porque a desvalorização é alta. Quando é importado, então, nem se fala. Comprar um Peugeot 407, agora, é muito mal negócio, Rafael.

Se você quiser comprar o carro por gosto, e pretender ficar com ele por muito tempo, é bobagem eu falar a você que ele vai desvalorizar. Mais vale um gosto que dinheiro no bolso, como já diz o ditado. Mas, além da desvalorização, o 407 tem uma dianteira muito pronunciada, que raspa em qualquer lombada ou valeta. Não é, entre os sedãs médio-grandes, o que eu lhe indicaria.

Se você puder pensar nele, olhe o VW Passat com cuidado. Ele custa muito caro, mas é um dos melhores modelos deste segmento. Outro que merece atenção é o Honda Accord. O Ford Fusion novo, que vem sendo festejado nos EUA, também será lançado no Brasil ainda este ano. O problema é que você não pode esperar, o que dificulta as coisas.

Se for mesmo comprar o 407, das duas, uma: ou fique com ele por mais de três anos, para compensar, ou compre um usado.

Com relação aos preços, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Descontos tão altos no 407 são um sinal de que ele é ruim de mercado, que não vende como deveria. Na sua mão, usado, ele será ainda mais difícil de vender por um preço justo do que na concessionária, que já abre mão de boa parte do preço só para tirá-lo do estoque.

Em relação ao seguro, o desconto de R$ 500 não compensa a franquia R$ 2.000 mais barata. Para compensar, você teria de renovar o seguro do carro por mais de quatro anos. Escolha a franquia reduzida, mesmo. Pode ser que você nunca tenha nenhum problema com ele (torço para isso), mas, se tiver, seu prejuízo será menor.

No mais, Rafael, pese bem a escolha. Na minha ordem de preferências, eu ficaria com o VW Passat. Não conseguindo, por causa do preço, pegaria um Honda Accord. Se pudesse esperar, um Ford Fusion novo, com a dianteira diferente. Se não tivesse como esperar, pegaria um destes carros usado. Dificilmente o 407, que pode até ser um excelente carro, mas desvaloriza uma barbaridade e é difícil de revender. Como o mercado é sábio, convém ouvi-lo.

Um abraço,

Gustavo